Nunca fui chegada a réveillon, não mesmo! Acho uma coisa
chata e sem sentido. Nunca fui sequer a uma festa de ano novo legal. Tive algumas
viradas interessantes, no Times Square, em um cruzeiro, a clássica em
Copacabana – que é, claro, valeram muito mais do que uma festa de arromba. Mas
não me fizeram mudar de ideia, continuo achando o réveillon a pior comemoração
do ano.
É que acabo achando que a virada é um misto de sentimentos,
alguns bons e outros nem tanto. Quando tenho um ano extremamente bom, fico com
aquela pontinha de nostalgia quando preciso deixá-lo para trás à meia-noite. Às
vezes, bate um sentimento apreensivo, um medo de como será o que virá pela
frente. E, é claro, como a maioria das pessoas, também sou invadida por aquela
felicidade repentina e pela esperança de que tudo, agora, vai mudar.
Bom, o fato é que com todos esses sentimentos aflorados,
senti que neste ano a virada foi diferente. Com poucos anos na vida adulta, ainda
não tinha tido um ano que pudesse dizer que havia sido, de fato, ruim. Todo
ruim, sabe? Inteirinho, de ponta a ponta. Assim foi 2012, um ano que senti que a
todo o momento podia me engolir e que eu precisava vencer, antes que ele me
vencesse. Quando deu meia-noite e os fogos tomaram conta do céu, senti que,
enfim, havia sobrevivido.
E por que essa revolta toda? 2012 foi um ano de perdas
irreparáveis, de uma qualidade de vida péssima, de um trabalho estafante e
pouco prazeroso, de sonhos desfeitos. Pontualmente, houve episódios felizes, é
claro, mas eu disse pontualmente. Entre
os escombros, o sonho da casa própria se fez real, e, entre as desesperanças,
um novo sobrinho a caminho para renovar as esperanças.
Agora, 2013, enfim, você chegou. Venha na paz que seu
antecessor não veio. Estou de braços abertos para te receber, mas sem a crença
ilusória de que tudo vai mudar, simplesmente, porque você chegou. Eu sei que
para ganhar um ano novo que mereça este nome, eu, minha cara, tenho de fazê-lo
novo, já dizia Drummond, bem antes da propaganda do Bradesco. Ainda sem saber
bem como, estou disposta, sim, a despertar este ano novo que cochila e espera
dentro de mim desde sei lá quando!
Seja bem-vindo à minha vida, 2013!